sábado, 4 de junho de 2011

Ser íntegro

Todos os dias vemos as pessoas vivendo na sua normalidade. Às vezes com bom-humor, outras mais agressivas. Mas quando estamos expostos a situações extremas, mostramos a nossa verdadeira face. Não acredito, como pensavam alguns filósofos, que necessariamente somos lobos de nós mesmos. Ou que se trata somente de instinto. Isso porque somos animais do tipo "civilizados", cujas regras de convívio social são repassadas desde cedo, para que a convivência e coexistência sejam possíveis. O que se mostra então numa situação crítica é o que se pode chamar de caráter. Ser íntegro independe da hora.

O filósofo espanhol Baltasar Gracián, no seu A Arte da Prudência, já falava um pouco disso.

Ser íntegro - Baltasar Gracián

É preciso sempre estar do lado da razão com tal firmeza que nem a paixão do povo nem a violência tirânica façam com que se desvie dela. Quem será, porém, esta fênix da eqüidade? A integridade tem poucos seguidores constantes. Muitos a elogiam, mas poucos a praticam. Outros a seguem até o limite do perigo: então os falsos a renegam e os políticos a simulam. As pessoas íntegras não se importam de opor-se à amizade, ao poder e à própria conveniência. Já os astutos elaboram desculpas sutis, seja por motivos superiores, seja por razões de estado. O homem constante, no entando, considera a dissimulação uma traição e valoriza mais a tenacidade que a sagacidade. Está ao lado da verdade e, se acaba se afastando dos demais, não é por inconstância, mas porque em primeiro lugar está a razão.

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